segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sobre a morte da Lola, cachorrinha da Maria

"A morte é a única certeza da vida"
"Tudo que é vivo morre"
"Descansou" 
"Sinto muito!"
 
Frases feitas que sempre ditas quando se perde alguém.
A questão é que só se fala pra romper o silêncio. Só por dizer. Nenhuma delas ameniza nada, ajuda em nada, a não ser saber que a pessoa que disse talvez se importe com sua dor. Talvez seja só protocolar.
A morte de fato é a inevitável, a única certeza. 
Duro mesmo é ver seus filhos descobrirem a dor da perda. 
Aqui começamos pelos animais de estimação, o que de certo modo, me faz agradecer a Deus.
Sim, acabamos de perder a Lola, filhote de labrador da Maria Elisa. 

Aqui abro um parêntese antes que o mimimi desvairado comece:  não, não estou comparando a perda de um animal com a perde de um parente ou um amigo, jamais faria, mas perder um bichinho também dói. 

Voltando... Já havíamos perdido outros cães antes. Quando Bruno tinha a idade da Maria perdeu a Lilica e agora, há coisa de um ano e meio  perdemos o Lino e o Hulck. Foi duro contar pra ela e foi duro pra ela ouvir. 

Lembro que o Lino, um dachshund meio anti-social, estava até bem, aparentando só algum cansaço e foi pro veterinário pra aproveitar a carona do Hulck que estava tratando um câncer na pata. Lino nem voltou...morreu na mesma noite. Até hoje sem muitas explicações. 

Maria teve uma reação inesperada, ficou brava com Deus, chorou a beça. Conversamos muito e tudo de ajeitou. 

Na semana seguinte, Hulck amputaria a perna, não resistiu. Ele era um bulldog francês que veio morar  conosco após a separação de um casal conhecido. Um cão leal e muito inteligente. Lá vamos nós de novo contar pra ela. Foi mais fácil. Ela o via chorar de dor, a ferida era exposta.

Passado um ano da morte de Hulck, veio a tão esperada "cachorra menina" que ela sempre pediu. Quando a Luna veio cruzar com o Loque, ela já escolheu o nome, seria Lola.
 
A Lola veio pra casa bem miudinha é muito esperta, já latia e subia escada. Sabida qual a dona. Foi crescendo e fazendo as traquinagens próprias de filhotes: comeu a casinha, rasgou um lençol, implicava com o Loque e mordiscava tudo que via pela frente.
 

Já no primeiro dia a parvovirose a derrubou. Ficou molinha mesmo com poucos episódios de diarreia. Elias a levou pra clínica assim que suspeitou da parvo. No mesmo dia. Provavelmente,  o vírus veio com ela, mesmo vacinada. Um outro filhote da mesma ninhada teve também. A veterinária deu esperanças. Mas aos poucos Lolinha foi debilitando. Foram 4 dias de internação mas ela não aguentou. Fizemos de tudo.

Maria hoje acordou mais tarde, está de férias. Eu esperei ela tomar café da manhã e também papai ir embora, ele veio nos visitar, afinal ele não precisava presenciar isso. O dia estava frio, escuro. O Loque, como que soubesse, latia no canil.
Reuni forças, respirei fundo, rezei pedindo sabedoria pra conseguir contar.
A chamei pra sala, estava com um pijama de calças compridas e com olhos inchados de dormir. Me olhou nos olhos. Queria ter podido não contar, mentir, sumir...mas não seria certo. O certo é sempre a verdade.
Com uma voz fraca, quase que um sussurro, coração disparado finalmente saiu:
- Filha, a Lola...
Nem pude terminar a frase e ela já chorava.
As frases me vieram à boca, aquelas do começo do texto, mas calei, o colo e o abraço seriam mais sinceros.
 

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