quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Explorando o quintal. Ops! A floresta


 Ontem, domingo de carnaval, estávamos brincando de Lego na sala. De tanto o Loque, nosso labrador, ficar com aquela insuportável cara de “pidão” na porta, desistimos da brincadeira “in-door” e partimos para o quintal.
- Mãe, vamos brincar de exploradores!

Pegou 02 brinquedinhos da Era do Gelo, desses que vem no Mac Lanche, entregou-me um e disse que era o nosso rádio. Em uma fração de segundos, sua carinha se transformou e já foi logo dizendo:
-Exploradora Mamãe, câmbio! Vamos iniciar nossa exploração!

-Câmbio, exploradora Lelê, vamos!
De repente o quintal já não tinha mais um jardim, mas uma densa e incrível floresta! Árvores de todos os tamanhos e cores, animais que falavam, insetos gigantes e vários reinos.  

Nosso primeiro achado foram duas onças:
- Mãe, gosto de guepardo, mas só tem lá na África! Então serve onça mesmo.

Uma onça meio amarela e grande se tornou nossa companheira de exploração, a onça Loque. A outra meio parda e pequena, a oncinha Lino, meio bicho do mato, preferiu ficar perto do Explorador Papai ou Explorador Amor, como queira, que lavava sua nave.
Decidimos iniciar a nossa longa jornada pelo canto oculto da floresta. Junto com a onça Loque atravessamos uma enorme planície desértica com pedras amarelas no chão. Descemos uma infindável encosta e passamos pelo cemitério de girassóis. Ao final atravessamos um vale verdinho com uma imensa árvore. Enquanto contemplávamos esse achado, a exploradora Lelê percebeu que havia uma linda arvorezinha lá no cantinho com flores e, pasmem, enormes espinhos que se moviam em nossa direção!

-Socorro, exploradora Lelê!!! E saímos em desabalada carreira! Meio gritando, meio rindo e eu meio troncha, já que minha forma é de uma tartaruga ao contrário, conseguimos atingir novamente a planície desértica e reiniciar nossa jornada.
Depois de várias horas de caminhada, com incontáveis doloridas rabadas da onça Loque em nossas pernas, vimos no pé de oiticica insetos mutantes. Eram imensas abelhas que, segundo o Explorador Papai, são das que adoram um cabelo. Insetos mutantes assustadores! Corremos dali! Ninguém quer ter o cabelo invadido por essas monstrinhas!

Sãs e salvas seguimos para uma parte da floresta conhecida como o Reino das Galináceas Feiosas. Lá é tudo organizado sob a sombra de uma mangueira. Fomos imediatamente recebidas pelo Rei Galo. Todo arrogante e cheio de si, veio logo em nossa direção falando:
-Cocoricóooooooo!

- Cocoricó para você também Rei Galo! Respondemos.
As súditas galinhas já vieram, sem nenhuma educação, querendo entrar na conversa:

-Có, cocó, disse a branquinha mais feia, quer dizer, muito feia. Não que tenha preconceitos com feios, mas ela passava da conta! O cocócó da galinha branca magra e encardida desencadeou um caos de cócócós! Interminável e ensurdecedor! A onça Loque deu uns dois latidos, opa! Rosnados e tudo se silenciou.
Descobrimos, então, depois de vários estudos e averiguações seríssimas, que conta uma antiga lenda galinácea que todas as vezes que humanos se aproximam daquele reino é sinal de farta comida. Coitadas, mal sabiam que só levávamos nossa insaciável curiosidade!

Deixamos o Reino das Galináceas Feiosas e prosseguimos nossa odisseia pela floresta, deixando para trás a frustração de um povo.
Ao passar por um corredor inexplorado, encontramos um bougainville mágico da cor branca. Nele moravam vários pássaros de cor de barro, o líder deles, seu João, era grande e vistoso. Uma simpatia. Exímio engenheiro, construía a casa da família. Nos convidou para entrar e tomar um café e visitar a obra. Agradecemos o convite, eu não ia conseguir me abaixar para entrar...a meu casco ao contrário não permitiria (lembra que sou uma tartaruga ao contrário?)! Depois encontramos um bougainville roxo, um rosa, outro roxo e um laranja. Todos com propriedades mágicas.

Pela trilha que seguimos, encontramos sinal de homens e suas terríveis construções! Pedaços de cimento, tinta...sinais de uma reforma! Terror e pânico! Mas o mais assustador ainda estava por vir, na próxima etapa da trilha.
Seguimos cuidadosamente por terras nunca antes visitadas. Nos deparamos com uma afinadíssima orquestra de bem-ti-vis e com vários pássaros pretos. Assistimos ao espetáculo e prosseguimos no caminho.

Com as almas leves depois de tanto encanto, distraídas e conversando sobre a vida, perdemos o fôlego ao descobrir o bosque das palmeiras carnívoras!
-Corre exploradora Mamãe, elas vão nos devorar!!!

A pobre onça Loque quase morre de susto! Correu igual a um guepardo, daqueles que só tem na África!
Depois de tanto corre-corre, deusmeacuda e salvessequempuder, encontramos uma caverna ampla e muito bonita, nela a onça Loque não pôde entrar e se despediu de nós ali mesmo, foi se juntar ao explorador Papai.

Eu e Lelê decidimos procurar água apropriada para o consumo. Subimos uma íngreme montanha. A exploradora Lelê aguçou seus ovidinhos e descobriu uma linda cachoeira com água potável e deliciosa! Tomamos um bom banho com buchas recolhidas pelo caminho, nos perfumamos com ervas  e hidratamos com frutas especiais colhidas na floresta.

Lindas, limpas e penteadas, agora só era seguir para o castelo da Gaigai onde o Padrinho preparava um delicioso almoço!