segunda-feira, 19 de maio de 2014

Festa sem leite? É muito possível...


Festa de um ano é uma grande controvérsia entre os pais. Não fiz pro Bruno e nem pra Maria. Só o famoso bolinho. Do Samuel me veio o "querer de fazer". (Samuel tem alergia à proteína do leite e da soja http://www.chrisdequintino.blogspot.com.br/2014/04/sobre-alergia-alimentar-do-samuel.html)
Aí começaram os senãos e porquês: festa de um ano pra que? Eles nem lembram depois, nem aproveitam...E ainda por cima como fazer uma festa “limpa” de leite e soja? Não que ele coma doces ou quitutes de festas, mas TEM que ter, né?
Tudo bem que ele não se lembre, a vida é assim, nem de tudo se recorda. Será que alguém aí se lembra dos seus últimos dez aniversários? Mas tudo faz parte da nossa história e da nossa formação. E, ainda que ele nem queira um dia ver as fotos, o carinho que eu queria fazê-lo com essa festa, eu fiz. Mas ele nem entende! Eu entendo...isso basta.
E pra fazer tudo “limpo”? Eu fazendo! Então restringi os convidados. Convidei só os meus pais, irmãos, cunhados e padrinhos do Samuel. Mais ninguém. Ao todo 32 pessoas. Agora era decidir cardápio, decoração, lembrancinhas...
Há festas de criança que são um verdadeiro exagero! Gasta-se quase o mesmo que em um casamento! Uma ode ao consumismo e ao desperdício.  Então tratei de pensar em uma decoração útil e bonita.
Pesquisando na internet, vi varais de fotografias e cata-ventos numa festa de jardim, adorei! Como aqui faz frio nessa época do ano, especialmente aqui em casa (o próprio Polo Norte), decidi adaptar pra dentro de casa, jardim nem pensar. Agora era colocar a mão na massa!
Maria escolheu as cores, já chegou na papelaria apontando:
-Mãe, vi no mural da escola, azul com marrom fica lindo! Já pensei logo na festa do Samuel!
Fizemos convites de cata-ventos, escolhemos cada foto cuidadosamente para que todos os convidados estivem lá e essa foto fosse a lembrança. Minha irmã, Engraciana, fez o nome dele de papel e montou tudo. Mamãe providenciou as toalhas de mesa. A Nathália e a Cristina mandaram suas energias positivas. 
E lá fomos nós pra cozinha...pedi ajuda à Cecília, minha sobrinha, pra montar o bolo. Fiz brigadeiro de biomassa de banana verde, mousse de chocolate, gelatina de uva, doce de coco, bolo de copo de maracujá, pipoca doce e nacked cake com a massa de coco e recheio de chocolate com a santa biomassa. Servi caldo de frango com mandioca e pão de entrada e arroz com linguiça, salada de folhas com tomate, manga, azeitona e milho, e molhos rosê e mostarda e mel de jantar, suco de uva integral, laranjada natural e refrigerantes. Tudo feito em casa e com marcas limpas.
Segundo minha análise de festeira experiente, como haviam poucas sobras nos pratos, estava tudo gostoso! Só errei o ponto do caramelo da pipoca, ficou super-grudenta!
Depois de tanto trabalho, como não registrar? A nossa fotógrafa preferida estava operada. E agora? Ah! Uma grande amiga coloca no facebook que anda fotografando...foi o complemento que faltava!
Tudo pronto! Uma reunião familiar para celebrar a vida. E, ela vem e nos apronta uma pesada: avó e tia do Elias, já muito doentes, falecem na véspera da festinha. Tanto a tia quanto à avó, mãe e filha eram uma explosão de alegria. Um bom humor perene e contagiante. Uma ternura no olhar inesquecível. Mesmo todos nós estando muito tristes, Elias decidiu manter a festa. Não me disse as razões de sua decisão.
A festinha foi um sucesso! Samuel não enjoou e nem estranhou ninguém afinal só estavam ali pessoas do convívio dele. Não tinha música alta e nem brinquedos. Todos podiam pegá-lo, beijá-lo...não tinha nem leite e nem soja!  Liberdade total! Que há muito tempo eu não vivia...
Ele abriu todos os presentes ao receber e já experimentou cada um deles. Tirou fotos com todo mundo e já brigava quando via a Tia Lu com sua máquina.

Ah! Mas o melhor foi vê-lo gritando “êeeeee” depois do “Parabéns!” Fez tudo ter valido muito à pena! Muito!

Quanto às receitas...segredos de família, né, Cecília?