domingo, 6 de janeiro de 2013

A Visita

Estive em férias agora em dezembro.
Começamos por Pipa, RN. Praias de águas quentinhas e natureza muito preservada.
Vimos golfinhos muito de perto. Foi excelente! Valeu muito a pena!
Após seis dias de muito descanso e diversão em Pipa, seguimos para a segunda etapa da viagem, para Cajazeiras-PB. Cidade natal do meu marido, onde tivemos uma agradabilíssima estada.
No caminho, já nos deparamos com a realidade da seca no sertão nordestino. Cenário com gado morto, terra rachada e açudes secos. Impossível não lembrar das obras de Ariano Suassuna, Luiz Gonzaga, Graciliano Ramos, Jessiê Quirino, Santana e tantos outros.
Mas não é sobre isso que quero falar.
No caminho de volta, seguindo para João Pessoa, paramos numa pequena cidade chamada Junco do Seridó. Cidade que fica na Serra de Santa Luzia no semiárido  paraibano. Segundo último senso em torno de 6.500 habitantes. Uma cidade muito bonita. A intenção era visitar uma velha amiga do meu sogro. Uma senhora de 84 anos. No começo fiquei meio sem graça com a situação...mas enfim...descemos.
Deparei-me com uma casa simples. Casa de alvenaria e piso de vermelhão. Por conta da seca, sem água nas torneiras.
A senhora nos recebeu na porta, nos convidou para entrar e foi logo colocando água pro café e pegando o queijo de coalho. E dona Luzia foi logo contando sua vida pra nós. Viúva. Teve cinco filhos, só um viveu até a idade adulta. Ele se mudou para Campinas-SP e faleceu há cerca de 5 anos. Hoje restaram a ela 2 netos.
Dona Luzia ia falando de sua história e volta e meia parava pra nos fazer um carinho! Pegava no rosto de um de nós e dizia:
- Que belezinha!
Eu que nem ando tomando café, tomei! Comi queijo e biscoito.
Vi naquele carinho a vovó Ana, a Filó e até mesmo um tiquinho da minha infância. A Filó era uma amiga da mamãe, mais que amiga, um anjo da guarda! Estavam sempre juntas se ajudando. Faleceu em 2004. A casa simples e o carinho daquela senhora me remeteu ao meu passado.
Eu cuidei logo de mostrar ao Bruno e à Lele as bacias de alumínio iguais as que tantas vezes tomei banho, as panelas penduradas como as da mamãe ficavam e tudo que me lembrava a minha infância.
Saí daquela casa comovida. Comovida com a seca. Comovida com o amor presente naquele coração. Comovida por visitar minha avó, a Filó e ainda a cozinha da minha infância.
Saí daquela casa envergonhada. Envergonhada por tantas vezes me queixar da vida. 5 filhos e um marido enterrados. Por companhia a seca e a solidão. E o que encontrei lá foi alegria e carinho.
Quanto carinho! Nenhuma queixa. Não resisti, meus olhos não resistiram.
Visitei Deus. Visitei Deus no Junco do Seridó...

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