Em que momento nós abandonamos
nossas cozinhas e nos mudamos para os fast-foods e supermercados comprar
comidas prontas? Essa resposta é complexa, mas imagino que passeie pelo ritmo
maluco da vida moderna que nos faz sacrificar muitas coisas importantes e
também pelo grito de liberdade de algumas mulheres que buscam romper com o
rótulo de “forno e fogão”. Mas, independente da razão, acabamos nos deixando
levar pela boiada abrindo mão de uma alimentação saudável. Mas resta uma
esperança! Há um discreto movimento de volta!
Eu sempre gostei muito de
cozinhar. A comida sempre esteve presente na minha vida como uma forma de
carinho e diversão. Na infância, lembro muito das sopas que minha mãe fazia com
várias verduras e com folhas de repolho inteiras, do pão, dos doces de banana...Consigo
sentir até o cheiro!
Tenho receitas da época da
infância e da adolescência que me lembram momentos incríveis, como as muitas
tardes que passei com a Andréa, minha prima, sentadas no chão, morrendo de
calor, contemplando o bolo assar ou quando fizemos uma festa no cursinho de
inglês que servimos bolo de fubá e suco de caju e do crepe feito no cursinho de
francês. Como toda boa experiência que temos, essa eu também quis passar pros
meu filhos, aqui em casa, a cozinha é nossa e eles são sempre bem-vindos!
Cozinhar nos ensina muitas
coisas: planejar, seguir métodos, inovar, experimentar, errar e recomeçar.
Lidar com a frustração de uma receita que deu errado e jogar tudo fora, ou
simplesmente comer por que ficou bem comível. Além disso conhecer os alimentos,
as possibilidades e o preparo, como um deleite com cheiros, cores e texturas. Eles
podem provar, comer a salada antes da hora e, principalmente, tomar o caldinho
do arroz, do feijão, da carne que eu mesma faço questão de oferecer. Aqui nossas
idas à cozinha, além de ser um momento incrível de convivência familiar, nos
ajuda a driblar o fast food e os junk foods.
Em um desses momentos deliciosos
na cozinha, decidi fazer um Caderno de Receitas, daqueles à moda antiga:
caderno escrito à mão, com observações ao lado dos ingredientes, do modo de
fazer, informações preciosas que só duas pessoas juntas na cozinha podem
construir e dividir com o papel. As receitas são tiradas da internet, recebidas
de amigas, copiadas dos cadernos da mamãe e até mesmo criadas por nós duas, a
origem delas nem importa tanto, o que vale são as lembranças que ficam pra
sempre! A nossa história traduzida em comida. Então, seguimos enchendo aquelas
páginas com a alquimia dos ingredientes e com lembranças indeléveis nas nossas almas!
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