Ontem, domingo
de carnaval, estávamos brincando de Lego na sala. De tanto o Loque, nosso
labrador, ficar com aquela insuportável cara de “pidão” na porta, desistimos da
brincadeira “in-door” e partimos para
o quintal.
- Mãe, vamos
brincar de exploradores!
Pegou 02
brinquedinhos da Era do Gelo, desses que vem no Mac Lanche, entregou-me um e
disse que era o nosso rádio. Em uma fração de segundos, sua carinha se
transformou e já foi logo dizendo:
-Exploradora
Mamãe, câmbio! Vamos iniciar nossa exploração!
-Câmbio,
exploradora Lelê, vamos!
De repente o
quintal já não tinha mais um jardim, mas uma densa e incrível floresta! Árvores
de todos os tamanhos e cores, animais que falavam, insetos gigantes e vários
reinos.
Nosso primeiro
achado foram duas onças:
- Mãe, gosto
de guepardo, mas só tem lá na África! Então serve onça mesmo.
Uma onça meio
amarela e grande se tornou nossa companheira de exploração, a onça Loque. A
outra meio parda e pequena, a oncinha Lino, meio bicho do mato, preferiu ficar
perto do Explorador Papai ou Explorador Amor, como queira, que lavava sua nave.
Decidimos
iniciar a nossa longa jornada pelo canto oculto da floresta. Junto com a onça
Loque atravessamos uma enorme planície desértica com pedras amarelas no chão.
Descemos uma infindável encosta e passamos pelo cemitério de girassóis. Ao
final atravessamos um vale verdinho com uma imensa árvore. Enquanto
contemplávamos esse achado, a exploradora Lelê percebeu que havia uma linda
arvorezinha lá no cantinho com flores e, pasmem, enormes espinhos que se moviam
em nossa direção!
-Socorro,
exploradora Lelê!!! E saímos em desabalada carreira! Meio gritando, meio rindo
e eu meio troncha, já que minha forma é de uma tartaruga ao contrário,
conseguimos atingir novamente a planície desértica e reiniciar nossa jornada.
Depois de
várias horas de caminhada, com incontáveis doloridas rabadas da onça Loque em
nossas pernas, vimos no pé de oiticica insetos mutantes. Eram imensas abelhas
que, segundo o Explorador Papai, são das que adoram um cabelo. Insetos mutantes
assustadores! Corremos dali! Ninguém quer ter o cabelo invadido por essas
monstrinhas!
Sãs e salvas
seguimos para uma parte da floresta conhecida como o Reino das Galináceas
Feiosas. Lá é tudo organizado sob a sombra de uma mangueira. Fomos imediatamente
recebidas pelo Rei Galo. Todo arrogante e cheio de si, veio logo em nossa
direção falando:
-Cocoricóooooooo!
- Cocoricó
para você também Rei Galo! Respondemos.
As súditas
galinhas já vieram, sem nenhuma educação, querendo entrar na conversa:
-Có, cocó,
disse a branquinha mais feia, quer dizer, muito feia. Não que tenha preconceitos
com feios, mas ela passava da conta! O cocócó da galinha branca magra e
encardida desencadeou um caos de cócócós! Interminável e ensurdecedor! A onça
Loque deu uns dois latidos, opa! Rosnados e tudo se silenciou.
Descobrimos,
então, depois de vários estudos e averiguações seríssimas, que conta uma antiga
lenda galinácea que todas as vezes que humanos se aproximam daquele reino é
sinal de farta comida. Coitadas, mal sabiam que só levávamos nossa insaciável
curiosidade!
Deixamos o
Reino das Galináceas Feiosas e prosseguimos nossa odisseia pela floresta,
deixando para trás a frustração de um povo.
Ao passar por
um corredor inexplorado, encontramos um bougainville
mágico da cor branca. Nele moravam vários pássaros de cor de barro, o líder
deles, seu João, era grande e vistoso. Uma simpatia. Exímio engenheiro, construía
a casa da família. Nos convidou para entrar e tomar um café e visitar a obra.
Agradecemos o convite, eu não ia conseguir me abaixar para entrar...a meu casco
ao contrário não permitiria (lembra que sou uma tartaruga ao contrário?)!
Depois encontramos um bougainville
roxo, um rosa, outro roxo e um laranja. Todos com propriedades mágicas.
Pela trilha
que seguimos, encontramos sinal de homens e suas terríveis construções! Pedaços
de cimento, tinta...sinais de uma reforma! Terror e pânico! Mas o mais
assustador ainda estava por vir, na próxima etapa da trilha.
Seguimos cuidadosamente
por terras nunca antes visitadas. Nos deparamos com uma afinadíssima orquestra
de bem-ti-vis e com vários pássaros pretos. Assistimos ao espetáculo e
prosseguimos no caminho.
Com as almas
leves depois de tanto encanto, distraídas e conversando sobre a vida, perdemos
o fôlego ao descobrir o bosque das palmeiras carnívoras!
-Corre exploradora
Mamãe, elas vão nos devorar!!!
A pobre onça
Loque quase morre de susto! Correu igual a um guepardo, daqueles que só tem na África!
Depois de
tanto corre-corre, deusmeacuda e salvessequempuder, encontramos uma caverna
ampla e muito bonita, nela a onça Loque não pôde entrar e se despediu de nós ali mesmo, foi se juntar ao explorador Papai. Eu e Lelê decidimos procurar água apropriada para o consumo. Subimos uma íngreme montanha. A exploradora Lelê aguçou seus ovidinhos e descobriu uma linda cachoeira com água potável e deliciosa! Tomamos um bom banho com buchas recolhidas pelo caminho, nos perfumamos com ervas e hidratamos com frutas especiais colhidas na floresta.
Lindas, limpas
e penteadas, agora só era seguir para o castelo da Gaigai onde o Padrinho preparava
um delicioso almoço!
Nenhum comentário:
Postar um comentário